Ardipithecus ramidus –
reconstruction
Afirmar que seres humanos são descendentes de macacos é um
erro, Charles Darwin jamais disse isso na sua Teoria da Evolução. Quem adora
fazê-la são os criacionistas, aqueles que acreditam na criação divina – o homem
moldado por Deus a sua imagem e semelhança. Embora chimpanzés e gorilas modernos
lembrem bastante as criaturas que deram origem ao homem, nenhum deles é nosso
ancestral. Segundo os estudos mais recentes, baseados em fósseis e análises de
DNA, há cerca de 7 milhões de anos a África era habitada por um tipo de primata
do qual descendem tanto o homem quanto os chimpanzés e bonobos atuais. Mas
temos com esses bichos, isto sim, um antepassado em comum. Se pudéssemos
ressuscitá-lo, a criatura seguramente se pareceria com um macaco – afinal, ela
também foi uma espécie de primata. Mas teria detalhes anatômicos que não
existem em nenhum animal que conhecemos hoje. Sob vários aspectos, ele
lembraria um chimpanzé. Seria coberto de pelos, por exemplo, e provavelmente
teria um cérebro relativamente pequeno. Por outro lado, alguns dos fósseis mais
antigos da linhagem humana – como o Ardipithecus ramidus, de 4,4 milhões de
anos – sugerem que talvez não tivesse outras características dos macacos
atuais, como o hábito de andar apoiado nos nós dos dedos. O conceito equivocado
de que “viemos dos macacos” tem origem na ideia mais equivocada ainda de que a
evolução é um processo linear, no qual novas espécies vão substituindo outras.
Ora, os humanos não substituíram chimpanzés, gorilas ou orangotangos. Esses
animais estão por aí, dividindo o planeta conosco. O que ocorreu é que nosso
ancestral comum acabou dando origem a duas linhagens distintas (provavelmente
em virtude de mudanças climáticas e outros fatores ambientais). Uma delas
seguiu a trilha evolutiva que resultaria nos macacos de hoje. A outra, contudo,
percorreu um caminho diferente, até chegar ao homem moderno. De acordo com
arqueólogos e antropólogos, foi só nos últimos 10 mil anos – com o advento da
agricultura e o surgimento das grandes civilizações – que a “solução”
representada pelo Homo sapiens realmente se mostrou mais bem-sucedida que as
outras espécies. Ou seja: somos primatas, sim, tanto quanto os chimpanzés. Até
nossos genes são quase os mesmos, 90% iguais. Tivemos um antepassado em comum,
só isso.
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